INSTRUÇÃO NORMATIVA DRF Nº 84, de 03.07.92
(DOU de 06.07.92)

Baixa normas complementares relativas ao regime especial de suspensão do IPI nas compras internas de insumos destinados à industrialização de produtos a serem exportados.

O DIRETOR DO DEPARTAMENTO DA RECEITA FEDERAL, no uso de suas atribuições e tendo em vista o disposto no art. 4º do Decreto nº 541, de 26 de maio de 1992, e na Portaria nº 108, de 29 de junho de 1992, do Secretário da Fazenda Nacional,

RESOLVE:

Baixar as seguintes normas complementares relativas ao regime especial de suspensão do Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI nas compras internas de insumos destinados à industrialização de produtos a serem exportados.

DEFINIÇÃO DO REGIME

Art. 1º - Os estabelecimentos industriais ou equiparados poderão dar saída, com suspensão do IPI, às matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, de fabricação nacional, vendidos a estabelecimento industrial e destinados à industrialização de produtos a serem exportados, observado o disposto nos arts. 14 e 15 desta Instrução Normativa.

§ 1º- A suspensão também poderá ser aplicada na saída dos insumos nacionais vendidos a estabelecimento comercial, para industrialização por encomenda, em outro estabelecimento da mesma firma ou de terceiro, de produto destinado à exportação.

§ 2º - É assegurado ao estabelecimento industrial, remetente dos insumos referidos neste artigo, o direito à manutenção e utilização do crédito do IPI de que trata o art. 101 do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 87.981, de 23 de dezembro de 1982 (RIPI/82).

§ 3º- Não cabe a aplicação do regime aos insumos adquiridos, quando o produto a ser exportado seja não-tributado (NT) pelo IPI.

DESIGNAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS INTERESSADOS

Art. 2º - Os estabelecimentos interessados na utilização do regime de que trata esta Instrução Normativa são denominados:

I - Fornecedor - aquele que fornecer matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, de fabricação nacional, destinados à industrialização de produtos a serem exportados;

II - Exportador:

a) Industrial - aquele que adquirir os insumos citados no inciso I deste artigo, promover a industrialização e efetuar, direta ou indiretamente, a exportação dos produtos resultantes;

b) Comercial - aquele que adquirir os insumos citados no inciso I deste artigo, encomendar a industrialização em estabelecimento da mesma firma ou de terceiro e efetuar, direta ou indiretamente, a exportação dos produtos resultantes;

III - Industrializador - aquele que receber os insumos citados no inciso I deste artigo, para industrialização por encomenda do Exportador (estabelecimento comercial), dos produtos a serem por este exportados.

FORMALIZAÇÃO DO PEDIDO

Art. 3º - O Exportador deverá, mediante requerimento, em duas vias, dirigido ao Superintendente da Receita Federal, apresentar o seu Plano de Exportação, do qual constará:

I - identificação (razão social, número de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes e endereço):

a) do Exportador, com indicação do respectivo número de inscrição no Registro de Exportadores do Departamento de Comércio Exterior;

b) do(s) Industrializador(es), quando for o caso;

c) do(s) Fornecedor(es);

II - discriminação:

a) do(s) produto(s) a ser(em) exportado(s), com a indicação do(s) valor(es), expresso(s) em dólares norte-americanos, da(s) quantidade(s) e do(s) código(s) de classificação na Tabela de Incidência do IPI (TIPI), aprovada pelo Decreto nº 97.410, de 23 de dezembro de 1988;

b) das matérias-primas, produtos intermediários e materiais de embalagem, com a indicação dos valores, expressos em dólares norte-americanos, das quantidades a serem adquiridas e dos códigos de classificação na TIPI;

III - o prazo previsto para a execução do Plano;

IV - declaração expressa de que se responsabiliza pelo pagamento do IPI e acréscimos legais devidos, caso venha a descumprir os termos, limites e condições fixados na concessão do regime.

§ 1º - O Plano de Exportação poderá englobar produtos distintos, desde que classificados na mesma posição da TIPI.

§ 2º - 0 Plano de Exportação não poderá englobar produtos de industrialização própria e produtos industrializados por outro estabelecimento.

§ 3º- Será admitida a apresentação de Planos de Exportação simultâneos, devendo o Exportador apresentar um requerimento para cada Plano, na forma prevista neste artigo.

PROTOCOLIZAÇÃO DO REQUERIMENTO

Art. 4º - O Exportador deverá dar entrada ao requerimento, elaborado na forma do art. 3º, na Unidade do Departamento da Receita Federal de sua jurisdição.

Parágrafo único - A unidade da Receita Federal deverá protocolizar o requerimento e seus anexos, devolvendo ao interessado a segunda via, com o competente recibo, e, se se tratar de Agencia ou Inspetoria, encaminhar o processo assim formado à Delegacia da Receita Federal respectiva.

ANÁLISE DO PLEITO

Art. 5º - O parecer fundamentado, mencionado no art. 2º do Decreto nº 541/92, será elaborado pela Delegacia da Receita Federal ou Inspetoria Classe "Especial", denominada neste ato Unidade Preparadora.

§ 1º - A Unidade Preparadora procederá à análise do processo, verificando a sua correta instrução e formalizando as exigências que se fizerem necessárias.

§ 2º - A Unidade Preparadora poderá, se julgar conveniente, exigir a apresentação de relação insumo-produto.

§ 3º - 0 parecer fundamentado deverá indicar:

a) a situação fiscal do interessado (existência de débitos não pagos a favor da Fazenda Nacional, procedimento fiscal em andamento, parcelamentos etc.);

b) se as quantidades dós insumos a serem adquiridos são compatíveis com a quantidade do produto a ser exportado;

c) se existe Plano de Exportação anterior, do interessado, e qual a situação do mesmo.

§ 4º- 0 processo, devidamente formalizado e instruído com o parecer fundamentado, propondo o deferimento ou indeferimento do pleito, deverá ser encaminhado pela Unidade Preparadora ao Superintendente da Receita Federal, para o exercício de competência que Lhe foi delegada pela Portaria nº 108/92, do Secretário da Fazenda Nacional.

§ 5º- A Unidade Preparadora deverá propor o indeferimento do pleito quando o Exportador estiver inadimplente em relação a plano anterior.

APROVAÇÃO DO PLANO DE EXPORTAÇÃO

Art. 6º - O Plano de Exportação dependerá de prévia aprovação pelo Superintendente da Receita Federal, à vista de parecer fundamentado elaborado pela Unidade Preparadora.

§ 1º - 0 processo, com deferimento ou indeferimento do Superintendente da Receita Federal, será remetido pela Unidade Preparadora à unidade de origem, quando for o caso, para ciência do Exportador e entrega de cópia da decisão.

§ 2º - 0 processo relativo ao Plano de Exportação aprovado, após as providências constantes do parágrafo anterior, será enviado à Unidade Preparadora para acompanhamento da execução e controle do cumprimento das condições do Plano.

REFORMULAÇÃO DO PLANO DE EXPORTAÇÃO

Art. 7º - O Plano de Exportação poderá ser reformulado a qualquer tempo, respeitado, entretanto, o seu prazo de realização e a integral utilização, nos produtos exportados, dos insumos adquiridos com suspensão do IPI.

§ 1º - 0 pedido de reformulação do Plano de Exportação, acompanhado de cópia do requerimento primitivo e do ato concessivo, com o número do processo originário, deverá ser dirigido ao Superintendente da Receita Federal, por intermédio da Unidade do Departamento da Receita Federal da jurisdição do Exportador, e dependerá de prévia aprovação para sua implementação.

§ 2º - Ao pedido de reformulação do Plano de Exportação aplicam-se as disposições previstas nos arts. 3º a 6º desta Instrução Normativa.

PRAZO DE EXECUÇÃO DO PLANO DE EXPORTAÇÃO

Art. 8º - A exportação dos produtos deverá ser efetivada no prazo de até um ano, contado da ciência de aprovação do Plano de Exportação.

§ 1º - 0 prazo acima referido poderá ser prorrogado, uma única vez, por idêntico período.

§ 2º - O pedido de prorrogação será formalizado mediante requerimento que contenha a justificativa sucinta para o pleito e seguirá os trâmites previstos nos arts. 4º e 6º desta Instrução Normativa, devendo ser apresentado até trinta dias antes do término do prazo original do Plano de Exportação.

§ 3º - No caso de haver indeferimento do pedido de prorrogação do prazo, o Exportador deverá promover o recolhimento, com os acréscimos legais, do IPI correspondente aos insumos não empregados na industrialização até a data do vencimento do prazo original, ou empregados na industrialização de produto não exportado até a aludida.

Art. 9º - Serão admitidas novas prorrogações, respeitado o prazo máximo de cinco anos, quando se tratar de exportação de bens de capital de ciclo longo de produção.

Parágrafo único - Para efeito desta Instrução Normativa, entende-se por bens de capital de ciclo longo de produção, aqueles cujo período usual de fabricação seja superior a um ano.

EMPRESA COMERCIAL EXPORTADORA

Art.10 - Serão considerados exportados, para efeito de cumprimento do Plano de Exportação, os produtos vendidos à empresa comercial exportadora, de que trata o Decreto-lei nº 1.248, de 29 de novembro de 1972 ("trading company"), nas condições estipuladas no art.1º do mesmo diploma legal.

Parágrafo único - A empresa comercial exportadora, conforme o disposto no art. 5º do Decreto-lei nº 1.248/72, será responsável, inclusive, pelo IPI relativo aos insumos, suspenso na forma do art.1º do Decreto nº 541/92.

PROCEDIMENTOS A CARGO DO EXPORTADOR

Art. 11 - O Exportador, ao formalizar o pedido de compra junto ao Fornecedor, informará que o insumo destina-se à industrialização de produtos a serem exportados, indicando o número do processo relativo ao Plano de Exportação, a data do deferimento e a unidade do Departamento da Receita Federal que comunicou a sua aprovação.

Parágrafo único - Quando o Exportador for estabelecimento comercial (alínea "b" do inciso II do art. 2º) deverá identificar, no pedido, o Industrializador.

Art.12 - O Exportador deverá apresentar à unidade da Receita Federal de sua jurisdição, até trinta dias após o término do prazo para execução do Plano de Exportação, relatório de comprovação final da utilização do regime, com as seguintes informações:

I - número e data das notas fiscais de aquisições de insumos do(s) Fornecedor(es), com indicação da classificação na TIPI, quantidades e valores expressos em dólares norte-americanos;

II - discriminação dos produtos exportados, com indicação da classificação na TIPI, quantidades e valores expressos em dólares norte-americanos;

III - número e data das notas fiscais de exportação e guias de exportação, quando for o caso de exportação direta;

IV - número e data das notas fiscais de venda a "trading company", quando se tratar de exportação indireta.

Parágrafo único - Quando o Exportador for estabelecimento comercial, além das informações constantes dos incisos I a IV, deverá especificar no relatório:

a) número e data das notas fiscais de remessa de insumos para industrialização, por Industrializador, com indicação da classificação na TIPI, quantidades e valores expressos em dólares norte-americanos;

b) número e data das notas fiscais de remessa dos produtos industrializados, emitidas pelo(s) Industrializador(es), com indicação de classificação na TIPI, quantidades e valores expressos em dólares norte-americanos.

Art.13 - A documentação que servir de base para o preenchimento do relatório referido no artigo anterior será conservada no estabelecimento Exportador, à disposição da fiscalização.

PROCEDIMENTOS A CARGO DO FORNECEDOR

Art. 14 - O Fornecedor somente poderá dar saída com suspensão do IPI aos insumos constantes do pedido de compra do Exportador, atendida a discriminação ali indicada, responsabilizando-se pela eventual divergência quanto à espécie, qualidade e demais elementos que identifiquem os insumos fornecidos ou pela quantidade excedente destes.

Parágrafo único - O Fornecedor deverá arquivar junto com as notas fiscais de saída dos insumos, o pedido de compra formulado pelo Exportador.

Art.15 - Sem prejuízo das indicações exigidas pelo RIPI/82, especialmente a prevista pelo seu art. 242, o Fornecedor fará constar, das notas fiscais emitidas, que foi suspensa a cobrança do IPI ao amparo do disposto no art.1º do Decreto nº 541/92, indicando o número do processo relativo ao Plano de Exportação, a data do deferimento e a unidade do Departamento da Receita Federal que comunicou a sua aprovação.

ACOMPANHAMENTO, CONTROLE E FISCALIZAÇÃO

Art. 16 - O inadimplemento, total ou parcial, do compromisso de exportação ou a inobservância dos requisitos e condições previstos no Plano de Exportação obriga ao imediato recolhimento do IPI suspenso e dos acréscimos legais devidos (art. 35 do RIPI/82).

Art. 17 - A fiscalização poderá, no curso da execução do Plano ou após o seu término, proceder às verificações que julgar convenientes e, se forem apuradas divergências, inclusive à vista da relação insumo/produto apresentada, quando for o caso, fará de ofício a exigência tributária correspondente.

Parágrafo único - Poderá ser exigida a apresentação, pelo Exportador, de demonstrativos periódicos da execução do Plano de Exportação, a juízo do titular da Unidade Preparadora.

DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 18 - Esta Instrução Normativa entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 19 - Fica revogada a Instrução Normativa RF nº 20, de 21 de fevereiro de 1992.

Luiz Fernando Gusmão Wellisch