RENDIMENTOS DO TRABALHO SEM VÍNCULO EMPREGATÍCIO
Tributação na Fonte

Sumário

1. INTRODUÇÃO

A remuneração do trabalho sem vínculo empregatício, quando pagos por pessoa jurídica à pessoa física, sob o título de comissões, corretagens, gratificações, honorários, direitos autorais ou outras remunerações sob quaisquer títulos, aí incluídos as empreitadas de obras exclusivamente de trabalho e as decorrentes de serviços de transporte de cargas e passageiros, serão tributadas na fonte consoante normas dispostas no art. 628 do RIR/1999 e na Instrução Normativa SRF nº 15/2001.

2. FATO GERADOR

O fato gerador do Imposto de Renda Retido na Fonte será a importância efetivamente paga por pessoa jurídica à pessoa física.

3. RENDIMENTOS ALCANÇADOS

Além das importâncias recebidas em dinheiro, compõem o rendimento para fins de tributação:

a) valor do reembolso de quilometragem;

b) indenização adicional paga pela empresa em virtude de acidente de trabalho;

c) reembolso de despesas pessoais do beneficiário;

d) salários indiretos;

e) passagens de cortesia em troca de serviços;

f) gratificações e as remunerações por serviços extras.

3.1 - Prestação de Serviço de Transporte - Base de Cálculo

No caso de prestação de serviços de transportes, em veículo próprio, locado ou adquirido com reserva de domínio ou alienação fiduciária, o rendimento bruto corresponderá a, no mínimo:

a) 40% (quarenta por cento) do rendimento decorrente do transporte de carga;

b) 60% (sessenta por cento) do rendimento quando relativo a transporte de passageiros.

4. DEDUÇÕES DA BASE DE CÁLCULO

Na determinação da base de cálculo do imposto poderão ser feitas as seguintes deduções:

4.1 - Pensão Alimentícia

Na determinação da base de cálculo sujeita à incidência do Imposto de Renda, poderão ser deduzidas as importâncias pagas a título de pensão alimentícia em face das normas do Direito de Família, quando em cumprimento de decisão ou acordo judicial, inclusive a prestação de alimentos provisionais, observando-se o seguinte:

a) é vedada a dedução cumulativa dos valores correspondentes à pensão alimentícia e de dependente, quando se referirem à mesma pessoa, exceto na hipótese de mudança na relação de dependência no decorrer do ano-calendário;

b) quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto da pensão, o valor mensal pago poderá ser considerado para fins de determinação da base de cálculo sujeita ao Imposto de Renda na Fonte, desde que o prestador forneça o comprovante do pagamento.

4.2 - Dependentes

Poderá ser deduzida a quantia de R$ 132,05 (cento e trinta e dois reais e cinco centavos) por dependente, para o ano-calendário 2007.

Podem ser considerados como dependentes, para efeito do Imposto de Renda:

a) o cônjuge;

b) o companheiro ou a companheira, desde que haja vida em comum por mais de 5 (cinco) anos ou por período menor, se da união resultou filho;

c) a filha, o filho, a enteada ou o enteado:

c.1) até 21 (vinte e um) anos;

c.2) de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; ou

c.3) maior, até 24 (vinte e quatro) anos, se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau;

d) o irmão, o neto ou o bisneto, sem arrimo dos pais:

d.1) até 21 (vinte e um) anos;

d.2) de qualquer idade quando incapacitado física ou mentalmente para o trabalho; ou

d.3) maior, até 24 (vinte e quatro) anos, se ainda estiver cursando estabelecimento de ensino superior ou escola técnica de segundo grau;

e) o menor pobre, até 21 (vinte e um) anos, que o contribuinte crie e eduque e do qual detenha a guarda judicial;

f) os pais, avós ou os bisavós, desde que os rendimentos tributáveis ou não auferidos no ano-base pelos mesmos não ultrapassem a R$ 1.313,69 (hum mil, trezentos e treze reais e sessenta e nove centavos) para o ano-calendário 2007;

g) o absolutamente incapaz (louco, surdo-mudo e pródigo, assim declarado judicialmente), do qual o contribuinte seja tutor ou curador.

No caso de pais separados, o contribuinte poderá considerar, como dependentes, os que ficarem sob sua guarda em cumprimento de decisão judicial ou acordo homologado judicialmente, sendo vedada a dedução concomitante de um mesmo dependente na determinação da base de cálculo de mais de um contribuinte.

4.3 - Contribuição Previdenciária

Serão admitidas como deduções as contribuições para a Previdência Social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo ônus tenha sido do próprio contribuinte e desde que destinadas a seu próprio benefício.

Quando a fonte pagadora não for responsável pelo desconto da contribuição previdenciária, o valor pago a esse título poderá ser considerado para fins de dedução da base de cálculo sujeita ao imposto mensal, desde que haja anuência da empresa e que o beneficiário forneça o original do comprovante de pagamento.

5. DETERMINAÇÃO DO IMPOSTO

O Imposto de Renda deve ser calculado aplicando-se sobre a base de cálculo a seguinte tabela progressiva, vigente a partir de 01 de janeiro a 31 de dezembro de 2007:

Base de Cálculo
Mensal em R$

Alíquota
(%)

Parcela a Deduzir
do Imposto em R$

Até 1.313,69

-

-

De 1.313,70 até 2.625,12

15,0

197,05

Acima de 2.625,12

27,5

525,19

6. MAIS DE UM PAGAMENTO NO MÊS

O imposto deve ser retido por ocasião de cada pagamento e, se houver mais de um pagamento pela mesma fonte pagadora, aplica-se a alíquota correspondente à soma dos rendimentos pagos à pessoa física, no mês, a qualquer título, compensando-se o imposto retido anteriormente.

7. RESPONSABILIDADE PELO RECOLHIMENTO

Compete à fonte pagadora do rendimento o recolhimento do imposto.

8. DISPENSA DE RETENÇÃO DE VALOR IGUAL OU INFERIOR A R$ 10,00 (DEZ REAIS)

Está dispensada a retenção de Imposto de Renda na Fonte de valor igual ou inferior a R$ 10,00 (dez reais), incidente sobre rendimentos que devam integrar a base de cálculo do imposto devido na declaração anual.

9. PRAZOS DE RECOLHIMENTO E CÓDIGO DO DARF DO IMPOSTO

Para os fatos geradores ocorridos entre janeiro e novembro de 2007, o Imposto de Renda Retido deverá ser pago até o último dia útil do 1º decêndio do mês subseqüente ao da ocorrência do fato gerador.

Excepcionalmente, para os fatos geradores ocorridos no mês de dezembro de 2007, o vencimento se dará:

a) no 3º dia útil do 2º decêndio do mês de dezembro de 2007, no caso dos fatos geradores ocorrerem no 1º decêndio; e

b) no último dia útil do 1º decêndio do mês de janeiro de 2008, no caso de fatos geradores ocorrerem no 2º e 3º decêndio.

Em todos os casos, o recolhimento deverá ser efetuado em DARF, sob o código 0588.

10. TRATAMENTO DO RENDIMENTO E DO IMPOSTO

Os rendimentos auferidos na prestação de serviço sem vínculo empregatício comporão a base de cálculo do imposto na Declaração de Ajuste Anual do beneficiário e o imposto retido será considerado redução do devido na declaração de rendimentos da pessoa física.

11. EXEMPLOS

Admitindo-se que uma pessoa jurídica tenha remunerado os serviços de um profissional autônomo no mês de agosto de 2007, com as seguintes características:

a) no dia 10 de agosto, pagamento pelos serviços de contabilidade referente ao mês de julho de 2007, na importância de R$ 800,00.

Neste caso, não fez qualquer retenção do Imposto de Renda, uma vez que a remuneração ficou abaixo do limite mínimo de tributação constante do item 5.

b) no dia 15 de agosto, efetuou o pagamento da primeira parcela dos serviços de auditoria contratados, no valor de R$ 1.000,00.

Neste caso, a fonte somou as remunerações pagas dentro do mesmo mês para a apuração do IRRF. Assim, temos:

Pagamento efetuado no dia 10.08 ............. R$ 800,00
(+) Pagamento efetuado no dia 15.08 ..... R$ 1.000,00
(=) Total da remuneração paga até 15.08 R$ 1.800,00

Aplicando-se a tabela progressiva, temos:
R$ 1.800,00 X 15% = R$ 270,00
R$ 270,00 – R$ 197,05 = R$ 72,95.

O valor de R$ 72,95 foi retido pela fonte a título de Imposto de Renda Retido na Fonte.

c) no dia 30 de agosto, efetuou o pagamento de serviços extraordinários referentes a este mesmo mês, no valor de R$ 150,00.

A fonte procedeu à soma dos pagamentos anteriores, dentro do mesmo mês para a verificação da nova base de cálculo do Imposto a ser retido, como segue:

Pagamento efetuado no dia 10.08 ............. R$ 800,00
(+) Pagamento efetuado no dia 15.08 ..... R$ 1.000,00
(+) Pagamento efetuado no dia 30.08 ........ R$ 150,00
(=) Total das remunerações pagas até 30.08 R$  1.950,00

Aplicando-se a tabela progressiva, temos:

R$ 1.950,00 X 15% = R$ 292,50
R$ 292,50 - R$ 197,05 = R$ 95,45

Como já houve retenção sobre os pagamentos anteriores dentro do mesmo mês, a fonte descontou, do valor apurado acima, o valor já retido anteriormente:

R$ 95,45 - R$ 72,95 = R$ 22,50

O valor de R$ 72,95, retido quando do primeiro pagamento, foi adicionado ao valor de R$ 22,50, retido quando do segundo pagamento, e recolhido em DARF com o código e na data indicada no item 9 acima.

Nota: Nos exemplos acima não foram considerados dependentes e a contribuição previdenciária.
 
Fundamentos Legais:
Leis nºs 9.250/1995, 11.196/2005 e 11.482/2007, e Instrução Normativa SRF nº 15/2001.