20/06/2022 - Dólar opera em alta e atinge mais de R$ 5,18; Bolsa chega a cair 1%
O dólar comercial operava em alta nesta segunda-feira (20), atingindo mais de R$ 5,18, e a Bolsa chegava a cair mais de 1%. Por volta das 11h40, a moeda norte-americana tinha valorização de 0,42%, vendida a R$ 5,166, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, caía 0,94%, a 98.888,87 pontos. As ações da Petrobras chegaram a ter as negociações suspensas na Bolsa duas vezes após o presidente da estatal, José Mauro Coelho, pedir demissão do cargo, depois de dias de pressão e ataques do presidente Jair Bolsonaro (PL) e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Também afetava o mercado os receios sobre o aumento dos juros nas principais economias do mundo. O valor do dólar divulgado diariamente pela imprensa, inclusive o UOL, refere-se ao dólar comercial. Para quem vai viajar e precisa comprar moeda em corretoras de câmbio, o valor é bem mais alto. A incerteza sobre o futuro da Petrobras voltou aos holofotes nesta segunda-feira, depois que Coelho pediu demissão, somando-se a um ambiente já difícil, em meio às preocupações sobre o crescimento econômico global e à aproximação das eleições presidenciais. A saída de Coelho ocorre em meio à crescente pressão sobre a estatal, especialmente após o aumento dos preços do diesel e da gasolina anunciado na sexta-feira. Coelho é o terceiro presidente da Petrobras a deixar o comando em um contexto de insatisfação do governo com a política de preços da empresa. O governo é o acionista majoritário da estatal. "No Brasil, o destaque para hoje continua sendo o conflito provocado pelo aumento de preços do diesel e gasolina da Petrobras", citou a Guide Investimentos em nota a clientes. Michelle Hwang, estrategista de câmbio e juros do BNP Paribas, atribuiu cita a decisão recente do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) de subir sua taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, maior aumento desde 1994, como fator que puxa a valorização do dólar. Além de tornar a renda fixa norte-americana mais atraente para investidores estrangeiros, o que tende a beneficiar o dólar, custos de empréstimos mais altos nos Estados Unidos elevam os temores de investidores de desaceleração econômica ou até de recessão em escala global, diminuindo a busca por ativos arriscados, como moedas de países emergentes, explicou ela. Ao mesmo tempo, Hwang avaliou o comunicado do Banco Central do Brasil da semana passada, quando o banco aumentou a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, como "mais brando", sinalizando provável desaceleração no ritmo de alta dos juros em sua próxima reunião, em agosto. Quanto mais agressivo é o BC na elevação dos juros básicos, mais o real tende a se beneficiar, já que fica mais rentável —e, consequentemente, atraente— para o investidor estrangeiro. Da mesma forma, indicações mais moderadas do BC sobre o aperto monetário costumam reduzir o apelo da moeda brasileira. "Isso contribui para a aversão a risco no Brasil que já estávamos vendo", disse Hwang, afirmando que o investidor estrangeiro tem muita facilidade em retirar recursos do mercado doméstico ao menor sinal de incerteza, o que explica a alta súbita que a moeda tem apresentado nos últimos dias. Apesar de enxergar riscos para suas projeções, o BNP Paribas ainda espera que o dólar encerre este ano em R$ 4,85, com Hwang dizendo preferir ativos brasileiros a ativos de outros países da América Latina no atual contexto de maior aversão a risco.Demissão do presidente da Petrobras
Juros altos no mundo
FONTE:
UOL