30/01/2015 - Consumo de energia no país em 2014 tem a menor alta em cinco anos
Influenciado pelo desempenho da indústria nacional, abaixo do esperado, o consumo de energia no Brasil cresceu 2,2% em 2014, na comparação com 2013, o pior resultado em cinco anos. Os números refletem a queda da produção industrial no Brasil, reflexo da desaceleração da economia. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (30) pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), ligada ao Ministério de Minas e Energia. “O segmento que frustrou as expectativas foi a indústria, cujo desempenho foi muito inferior àquele então previsto”, diz relatório da EPE. De acordo com a entidade, a queda no consumo de energia pela indústria no segundo semestre de 2014 foi maior que a prevista, chegando a 5,4%. Segundo a EPE, o total de eletricidade utilizado pela indústria brasileira em 2014 foi de 178.055 gigawatts-hora (GWh), 3,6% menos que em 2013. Esse resultado, portanto, foi puxado pelo menor consumo no segundo semestre do ano passado. “A indústria química por sua vez, programou várias paradas ao longo do ano, afetando o consumo de energia do setor, especialmente em São Paulo, no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul. Ainda, a produção de veículos automotores (ônibus, caminhões e veículos leves) recuou ao longo de todo o ano, encerrando 2014 com queda de 15,3%.” Comércio, serviços e residências Entre os fatores que contribuíram para expansão do consumo de energia comercial estão, segundo a EPE, o aumento no número e a ampliação de shoppings, a modernização e crescimento do movimento em aeroportos, além da expansão da rede hoteleira. Já as residências brasileiras elevaram o consumo de energia no ano passado em 5,7%. De acordo com o relatório, o consumo médio por residência no país, que entre dezembro de 2013 e março de 2014 havia passado de 163 para 166 kilowatts-hora (kWh), atingiu no final de 2014 167 kWh por mês. “Certamente contribuiu para este resultado a expansão da posse e intensificação do uso de condicionadores de ar, fato que ficou evidenciado na forte elevação do consumo de energia nos meses de janeiro e fevereiro, sobretudo no Sul e Sudeste do país”, diz a EPE.
“Com isso, a previsão de o consumo industrial de energia atingir 186,9 TWh [terawatt-hora] no ano de 2014 foi frustrada em 2,2 TWh, o que equivale à geração anual de uma usina hidrelétrica de 450 MW.”
A EPE aponta que o resultado está alinhado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que mostram que, entre janeiro e novembro de 2014, a produção da indústria caiu 3,2%.
Baixa generalizada
Segundo o relatório, inicialmente a queda no consumo industrial estava limitada aos setores que mais demandam o insumo, como o metalúrgico. Entretanto, a situação “se agravou ao longo do ano, principalmente no segundo semestre, estendendo-se aos demais segmentos e refletindo-se no consumo de eletricidade industrial como um todo.”
Entre os principais segmentos que registraram retração no uso de eletricidade no ano passado, além do metalúrgico, estão as indústrias química e automotiva.
“A queda na produção de aço bruto e de laminados, de 0,7% e 5,5%, respectivamente, conforme dados do Instituto Aço Brasil, afetou diretamente o consumo de energia do setor metalúrgico, em especial nos estados do Maranhão, São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro”, diz a EPE.
No total, o Brasil consumiu 473 mil GWh em 2014, 2,2% mais que no ano anterior. O setor de comércio e serviços liderou o aumento da demanda: 7,3% ante 2013.
Ainda de acordo com o documento, o país ganhou 2 milhões de novas unidades consumidoras de energia em 2014, expansão de 3,1%.
FONTE:
G1