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28/11/2014 - Gasto público ajudou PIB a crescer, mas prejudicou inflação e confiança

Os gastos do governo cresceram 1,3% no terceiro trimestre deste ano e ajudaram a tirar o Produto Interno Bruto (PIB) do "atoleiro" visto no início deste ano, quando houve recessão técnica – configurada por dois trimestres seguidos de queda no PIB. Mas também tiveram efeitos colaterais, como aumento da inflação, queda do nível de confiança dos empresários e, subsequentemente, dos investimentos privados, segundo economistas ouvidos pelo G1.

Segundo dados divulgados nesta sexta-feira (28) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileiracresceu 0,1% no terceiro trimestre deste ano, e tirou o país da recessão.

Em julhoagosto e setembro, todos os meses do terceiro trimestre deste ano, o resultado das contas do governo foi o pior da série histórica divulgada pela Secretaria do Tesouro Nacional, que tem início em 1997. Isso se deve ao aumento de despesas públicas em um ano eleitoral – marcado também por um fraco comportamento das receitas, resultado das reduções de tributos implementadas pelo governo e do baixo nível de atividade na economia.

Para o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), especialistas em contas públicas, o aumento de gastos do governo pode até ter ajudado a impulsionar o PIB do terceiro trimestre, uma vez que é um dos componentes da chamada "demanda agregada", mas acrescentou que o perfil das despesas públicas, em sua visão, tem sido "mais prejudicial do que benéfica" para a economia.

"Com a queda do resultado primário [economia para pagar juros da dívida pública], tem aumentado incerteza e travado investimento privado. Eu não gosto muito disso. Pode até ter tido efeito positivo do lado de demanda, mas o problema do Brasil nos últimos anos não é questão de demanda. A incerteza foi agravada neste ano pela queda do primário, porque talvez tenha de pagar mais impostos [no futuro para recompor o resultado fiscal]. Eu não colocaria isso como positivo. E bateu na inflação também", avaliou Mansueto.

Falta investimento
Raul Velloso, especialista em contas públicas, não acredita que o gasto público explica a maior taxa de crescimento do PIB. "Atualmente, o que faz falta é investimento. Há abundância de gasto corrente. O crescimento do gasto corrente tende a explicar a inflação alta bem mais que o crescimento real do PIB", avaliou ele. 
Em doze meses até outubro, a inflação somou 6,59% – acima do teto de 6,5% fixado pelo governo, que vale somente para anos fechados.

Para o professor do professor do Ibmec/RJ, Gilberto Braga, os gastos do governo contribuem a impulsionar a economia brasileira, por meio do aumento da demanda, mas, ao mesmo tempo, também geram mais impactos inflacionários. "Para fazer o quadro completo, tem de falar da inflação", declarou Braga, lembrando que o governo enviou recentemente ao Congresso Nacional abandonando a meta fiscal fixada anteriormente.

Segundo Alcides Leite, economista da Trevisan Escola de Negócios, o aumento de despesas está relacionado com as eleições deste ano. "O setor público tentou alavancar a economia gastando mais. Isso é uma politica errada, porque a queda do crescimento econômico não seu deu por falta de demanda. Se deu porque falta investimento, sobretudo investimento privado. Então, o governo por um lado criou um ambiente negativo ao crescimento e por outro tentou compensar isso gastando mais, o que acaba piorando ainda mais a situação", avaliou.

Ele admitiu que a alta de gastos pode ter um efeito mais imediato de ajudar um pouco o crescimento da economia, mas observou que, por outro lado, pode estar piorando os demais componentes do Produto Interno Bruto (PIB). "Estão aumentando um compomente e piorando os demais. Acaba que o PIB cresce muito pouco. Tem que sinalizar que vai ter uma mudança radical na política econômica. Uma mudança total. Porque a política que foi feita nestes quatro anos foi um desastre totalmente equivocada", declarou ele.

Alta de gastos e piora nas contas públicas
Por conta do resultado ruim das contas públicas, o governo enviou, no início deste mês, projeto de lei ao Congresso Nacional abandonando completamente a meta fiscal fixada anteriormente. A meta fiscal "cheia" do governo em 2014 é de R$ 116,07 bilhões, podendo ser abatidos até R$ 67 bilhões em gastos o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e em desonerações de tributos. Deste modo, o superávit primário nas contas da União, Previdência Social e Banco Central não poderia ficar abaixo de R$ 49 bilhões neste ano.

O projeto de lei enviado ao Congresso Nacional diz que o Executivo poderá, teoricamente, abater da meta "cheia" de superávit primário todos gastos com investimentos e as desonerações de tributos implementadas. Com isso, poderá haver, legalmente, caso a lei seja aprovada, até mesmo déficit primário em 2014. O Legislativo avaliará a proposta do governo somente na semana que vem. O Tesouro Nacional pediu a compreensão dos parlamentares.

Expectativa dos economistas
O economista Gilberto Braga acredita que a nova equipe econômica, com Joaquim Levy
confirmado na véspera como futuro ministro da Fazenda, vai promover um controle maior dos gastos públicos.

"Conhecendo o perfil de Ley, ele é mão fechada mesmo. O governo provavelmente vai segurar gastos, cortar custos. Espera que consiga com este perfil de equipe econômica dar uma boa enxugada nos gastos públicos. Não dá para falar o que vai acontecer porque ainda não conhece todos ministérios e as composições políticas. O que a gente pode esperar da área econômica é mais austeridade e menos condescendência com gasto público", declarou Braga, que prevê uma alta do PIB em torno de 0,2% neste ano, avançando para algo entre 0,5% e 1% em 2015.

Mansueto Almeida, do Ipea, avaliou que a nova equipe econômica não tem espaço para fazer ajuste fiscal "muito duro" em 2015. "Vão fazer o que podem. Ajuste fiscal que necessita ser feito não dá pra fazer em um ano. Tem de definir uma meta crível, com recuperação do primário nos próximos três anos, para retomar a confiança", disse ele.

Alcides Leite, por sua vez, diz que a presidente Dilma Rousseff precisa dar um sinal de que vai delegar para uma equipe competente a área econômica, e que não vai ser mais ela a gestora desse setor. "A visão dela todo mundo conhece. O resultado foi um desastre. Se ela quer que o país volte a crescer, que ganhe confiança, tem de ter a humildade de reconhecer que errou e delegar para uma equipe competente. Me parece que o ex-presidente Lula falou para ela: 'Quase perdemos a eleição por sua culpa. Agora delega essa área econômica para uma equipe que tem competência para fazer isso'", avaliou ele.

FONTE: G1

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