24/10/2014 - Empresas criam espaços com sofá, TV e videogame e reduzem demissões em 50%
Imagine fazer uma pausa no meio do expediente para jogar videogame com o colega, ir para a mesa de sinuca ou fazer as unhas. Essa é uma realidade em alguns negócios que empregam, na maior parte, jovens de 20 a 30 anos. Esse tipo de iniciativa agrada a funcionários, mas também beneficia as empresas, pois tem reduzido em até 50% os pedidos de demissões, segundo os empresários. A Solve System, empresa de tecnologia da informação em São Paulo, criou uma sala de descanso (que eles chamam de "descompressão") com sofá, televisão, videogame (Xbox 360), biblioteca e duas mesas de pebolim (ou totó). Também são oferecidas sessões de massagem e ginástica laboral grátis para a equipe. A média de idade dos 115 funcionários é 30 anos, segundo a sócia Andrea Rozetti, 42. De acordo com ela, no último ano apenas três pessoas pediram para sair da empresa. Há cinco anos, as demissões eram 50% maiores. "As mudanças só surtem efeito se a cultura do negócio mudar e passar a valorizar o time", diz. Rozetti afirma que a produtividade da equipe também tem aumentado. Neste ano, ela espera faturar 45% mais do que os R$ 35 milhões de 2013. Na paulistana Arizona, produtora de conteúdo digital, trabalham 237 pessoas. A média de idade dos funcionários é 30 anos, segundo o sócio Marcus Hadade, 42. A empresa tem um espaço com mesa de sinuca, videogame (Nintendo Wii e Atari) e fliperama para uso dos empregados. Há dois meses, a empresa também disponibiliza dez bikes para os funcionários saírem para almoçar ou ir ao banco e também recebe uma manicure uma vez por semana com valores de R$ 10 a R$ 20. Além disso, é possível trabalhar parte da semana em casa e tirar metade do expediente de folga no dia do aniversário. Segundo Hadade, ao final de cada ano é feita uma pesquisa de satisfação com os funcionários. O índice de ótimo ou bom, que era de 71% em 2012, subiu para 77% no ano passado. "Nossa meta é chegar aos 85% este ano", afirma. Em 2013, o negócio faturou R$ 62 milhões e espera chegar aos R$ 72 milhões, em 2014. No Rio de Janeiro, a agência de publicidade República tem 12 funcionários com idades entre 25 e 30 anos. No mesmo espaço em que trabalham, têm à disposição um bar abastecido com cervejas, sucos e lanches e um jardim. Os dois locais são usados para reuniões semanais com a equipe. "Desde a contratação buscamos funcionários proativos, que se identifiquem com a política da empresa e não precisam ser cobrados para entregar resultados", afirma Vinícius Oberg, 28, sócio do negócio. As mudanças foram implantadas há um ano e meio e, nesse período, as demissões caíram pela metade, segundo o empresário. Espaços descontraídos também podem ser tornar uma distração para os funcionários caso não haja nenhum controle, diz Márcia Almström, diretora de recursos humanos da consultoria Manpower. Para ela, é preciso que a empresa cobre resultados de sua equipe ou os incentive a antecipar prazos para que o próprio empregado use o espaço com bom senso. Na Arizona, por exemplo, são feitas avaliações individuais duas vezes ao ano para medir a produtividade de cada funcionário. "Com base nessas avaliações estabelecemos critérios para promoções e aumentos salariais, afirma Hadade." Para o professor de psicologia institucional da Universidade Presbiteriana Mackenzie Estevam Salgueiro, ações como as adotadas por essas empresas só funcionam quando a empresa tem uma política de bem-estar dos funcionários. "De nada adianta criar uma sala antiestresse se a empresa paga salários baixos, não tem plano de carreira e toma decisões autoritárias. O tiro vai sair pela culatra. O espaço de convivência deve ser a 'cereja do bolo', que vai coroar a política de respeito ao funcionário", declara Salgueiro. Mesmo com orçamento limitado e pouco espaço físico, as micro e pequenas empresas também podem criar benefícios com o intuito de reter empregados e melhorar a produtividade, segundo Almoström. Para ela, contratar um serviço de ginástica laboral ou entrega de frutas frescas uma vez por semana são ações baratas que podem aumentar a sensação de bem-estar da equipe. "O jovem, principalmente, valoriza muito a qualidade de vida. Se a empresa demonstrar a mesma preocupação, isso eleva o engajamento dele", afirma a consultora.Empresa oferece sinuca, fliperama e manicure no meio do expediente
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Ações simples podem motivar equipe em micro e pequenas
FONTE:
UOL